Portugal em suspenso: a democracia refém
A crise política que Portugal enfrenta hoje não é apenas um acidente de percurso ou um episódio isolado de instabilidade governativa. É, antes, o culminar de anos de erosão na credibilidade das instituições e da incapacidade dos partidos de se regenerarem para além do jogo tático e do curto-prazismo. A cada novo escândalo, a cada nova dissolução anunciada, cresce no país um sentimento de desencanto que, mais do que alimentar a abstenção, fortalece a desconfiança na própria democracia.
A eventual queda do governo minoritário de Luís Montenegro seria o terceiro golpe parlamentar em três anos, uma sucessão de impasses que faz da estabilidade política uma miragem. A promessa de um novo ciclo com as eleições de março revelou-se efémera, e o Executivo que tomou posse há poucos meses pode já estar a enfrentar o seu ocaso. O problema, porém, não é apenas do atual........
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