A articulação entre a razão e a fé
Pedro de Amorim Viana — prolífico matemático e filósofo do século XIX — continua a ser uma personalidade que a generalidade das pessoas desconhece. Contudo, a sua obra não deixa de ocupar um lugar assaz relevante no panorama da cultura portuguesa contemporânea. Foi este o motivo que justificou, aliás, a redação do presente texto. Limitámo-nos a interpelar, de modo prefacial, um dos aspetos centrais da sua lucubração filosófica: a interdiscursividade entre a razão e a fé. Considerando a transversalidade deste elemento na obra do autor, não será descabido utilizar a expressão “razão pística” (como preconiza Manuel Cândido Pimentel) para caracterizar, em traços gerais, a estrutura conceptual que ancora a sua filosofia. Em matéria de religião, Amorim Viana avalia os processos cognitivos partindo da premissa de que existe um relacionamento indissolúvel entre a razão e a fé, como denotam as seguintes palavras:
“(…) a fé ou adesão do espírito à verdade não difere da convicção racional. Estabelecer dois estados, um de fé, outro de ciência, parece-nos uma pretensão ilegítima. (…) É um erro psicológico. Não impede isto, porém, que as verdades que se manifestam à razão sejam revelações do céu”.
No tocante ao conhecimento epistemológico-científico, o filósofo português evidencia um racionalismo de pendor experimentalista; por sua vez, no que concerne ao sentido de........
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