O turismo existencial em Houellebecq
Longe dos problemas atuais de excesso de turistas nas cidades europeias, que já valeram várias manifs dos habitantes locais, Houellebecq encara o turismo no começo do novo milénio como uma compensação e até como uma recompensa sexual do homem ocidental. Depois das alterações provocadas pelo movimento feminista e pela economia capitalista, resta ao macho procurar reatar a relação sexual primitiva, ou seja, verdadeira e legítima, com as fêmeas asiáticas – no caso do romance Plataforma, com as tailandesas. Os peep-shows e as prostitutas parisienses já não são suficientes para provocar o êxtase em Michel, o protagonista. Michel, o modelo desse homem descolorido e descrente que atravessa as obras do francês, sente-se perdido, desolado e solitário nas avenidas, habitações e corredores institucionais e empresariais citadinos.
Com início na “libertação sexual” dos anos sessenta, a estratégia hippie deu início a uma modificação radical na atitude e no comportamento das mulheres face às relações amorosas e libidinosas heterossexuais. Remetendo o sexo para a procriação, e sendo o número de partos........
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