Milhares de eleitores da antiga esquerda votam agora na nova direita. Não por se terem tornado subitamente conservadores, mas porque foram deixados para trás, enquanto o discurso da esquerda se afastava da sua realidade concreta.

Este realinhamento político e eleitoral, cada vez mais visível nas democracias ocidentais, não é algo passageiro. Ele reflete uma recomposição estrutural das clivagens políticas tradicionais. Já não se trata apenas de uma divisão entre classes económicas, mas de uma tensão latente entre pertença e status, reconhecimento e invisibilidade. Uma tensão que, se não for compreendida com lucidez, continuará a alimentar o crescimento daquilo que muitos classificam como “extrema-direita”, mas que, para estes eleitores, representa simplesmente a única voz que ainda fala a sua linguagem.

Com promessas........

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