Se está tudo a correr tão bem para quê mudar?
O pior não está nas eleições antecipadas que vamos realizar no dia 18 de Maio. Numa democracia, as eleições funcionam muitas vezes como um fusível, o mal menor que é necessário sacrificar para manter a integridade do sistema.
O pior está na confirmação da incapacidade de qualquer entendimento a meio caminho entre os dois maiores partidos. Claro que PSD e PS têm, sobre o caso de Luís Montenegro, visões naturalmente divergentes. Mas, como se viu nas últimas semanas, ambos os partidos se obrigaram ao desentendimento, mesmo quando ele era facilmente ultrapassável mantendo o essencial: o governo em funções e um completo esclarecimento das dúvidas que ainda possam recair sobre o primeiro-ministro.
Esta prática de acentuar divergências e de as ampliar artificialmente acontece, muitas vezes, por meras razões táticas que se prendem com a narrativa da próxima semana. Não é nova e, há poucos meses, assistimos a isso nas negociações para o Orçamento do Estado quando se discutia uma redução pífia do IRC ou a descida do IRS para os jovens.
Nada disto é bom para um país que precisa de........
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