Pântano: 1 - Transparência: 0
Chegámos aqui por manifesta imprudência de Luís Montenegro. Político experimentado, jurista com tarimba, o primeiro-ministro tinha obrigação de saber que manter na sua esfera pessoal, em termos jurídicos e patrimoniais – quanto mais não seja através da mulher –, uma empresa com as características da Spinumviva só podia acabar mal.
Primeiro, porque a empresa foi criada por si, confundindo-se consigo próprio e a sua actividade e know how profissionais. Depois, porque a actividade da empresa relaciona-a com clientes que têm uma parte importante do seu negócio dependente de concessões do Estado – o caso dos casinos da Solverde.
Aceitando-se sem dificuldade que a empresa tenha, entretanto, conseguido a sua independência funcional face ao criador, o que Luís Montenegro devia ter feito no momento em que ascendeu à liderança do PSD e se tornou candidato natural ao cargo de primeiro-ministro era afastá-la totalmente do seu âmbito pessoal.
Podia vendê-la a terceiros ou entregá-la exclusivamente aos filhos. Mas tinha que tirá-la formalmente de sua casa e cortar qualquer possibilidade de vir a ter proveitos financeiros próprios com ela – através de uma eventual distribuição futura de resultados, já que as receitas actuais são da........
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