A crise que ninguém quer mas ninguém evita
Quem diria. No meio de uma crise política que nasceu e cresceu em apenas três semanas também são possíveis entendimentos parlamentares alargados em matérias estruturais e quase sempre polémicas como o mapa administrativo do país. PSD e PS entenderam-se serenamente para criar mais quase duas centenas de freguesias e, mesmo depois do veto presidencial ao diploma que chegou a Belém, não tiveram dúvidas em juntar os seus votos para ultrapassar a oposição de Marcelo Rebelo de Sousa. Foi há dois dias, na quinta-feira, que se fez esta trégua na crise política em curso. Sem alaridos, sem negociações “toma lá, dá cá”, sem linhas vermelhas ou ultimatos anunciados à hora grave dos telejornais.
Quando se trata de cuidar das ambições das bases dos partidos, de multiplicar postos desnecessários no Estado e de contrariar a mais básica racionalidade da gestão administrativa do território, tudo flui em paz e enorme consenso.
Isto mostra que os entendimentos entre dois maiores partidos são possíveis. Pena é que esta capacidade de consenso seja dirigida para medidas que nunca deviam ter saído da gaveta.
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