As mulheres mudam a política? (1)
Jerry Seinfeld diz muitas vezes que a maioria das piadas que tornaram Seinfeld uma das séries mais influentes da cultura norte-americana não poderia ter sido dita hoje. Muitas tornaram-se inaceitáveis por assentarem numa lógica de punching down em vez da única forma ética de fazer humor: o punching up. Outras, especialmente presentes nas primeiras temporadas, seriam menos aceitáveis por se basearem numa ideia que se tornou hoje indizível: a de que os homens são de uma determinada forma e as mulheres são de outra.
Seriam estereótipos, preconceitos, projeções culturais que dificultam a mudança e tendem a objetificar as mulheres – ainda assim, têm muita piada. Como não adorar o início do quarto episódio da primeira temporada quando Seinfeld descreve como os homens gostam de trabalhar com coisas: “Os homens ouvem um berbequim e é como um apito de cão”, querem imediatamente ver quem está a fazer o quê. E é por isso que quando um prédio está em obras se tem de colocar vedações à volta: para manter os homens afastados.
É um preconceito ou é um padrão? A verdade é que nunca vemos uma mulher parada no meio da rua a olhar para dois trabalhadores a fazer um buraco na estrada, mas todos os dias vemos homens verdadeiramente empenhados nessa tarefa.
Trata-se de tendências e não de regras absolutas: os homens tendem a gostar de trabalhar com coisas, as mulheres tendem a preferir trabalhar com pessoas; os homens tendem a ser mais competitivos, as mulheres tendem a ser mais empáticas; os homens tendem a valorizar mais o sucesso profissional, as mulheres tendem a valorizar mais a família; os homens tendem a preferir tarefas concretas e descomplicadas, as mulheres tendem a querer fazer tudo e ao mesmo tempo.
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É por isso que a profissão de motorista de autocarro é uma das mais fascinantes profissões do mundo. É claro que há mulheres motoristas, mas parece uma profissão feita para homens, em particular nas viagens de longo curso:........
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