Vance pode não estar errado. Mas está incompleto
Quando J. D. Vance diz que a principal ameaça à Europa não é a Rússia ou a China, mas um fator interno, não está a copiar um líder demagogo, está a citar Tucídides. No mesmo dia, Mario Draghi escreveu um texto com um argumento semelhante no Financial Times e será difícil ver no ex-presidente do Banco Central Europeu um perigoso populista à solta. Draghi chegou mesmo a dizer que as “barreiras internas e obstáculos regulatórios” dentro U.E. são “muito mais prejudiciais para o seu crescimento do que quaisquer tarifas que os E.U.A. possam impor”.
Em Munique o vice-presidente dos Estados Unidos foi uma espécie de Mr. J.D. contra Mr. Vance, mas há algo correto na sua análise, por muito que nos custe. Os seus exemplos são publicitários e são introduzidos como se estivéssemos numa conversa de café. É parolo começar um discurso numa conferência de segurança a contar que a primeira vez que se esteve em Munique foi numa viagem pessoal, tal qual um cantor que tenta conquistar à força o público da casa, num arraial de verão. Assim como é ridículo comparar a dimensão de Greta Thunberg com a de Elon Musk, mais que não seja para o bem do próprio Elon Musk, se........
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