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Um manifesto eleitoral 

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17.05.2025

A Igreja não deve, nem pode, recomendar inclinações partidárias. Não tem um partido, nem nenhum líder ou candidato é o seu porta-voz. Mas, também, não deixa de pensar o Mundo em que vivemos à luz do Evangelho. Separar a Igreja do Estado, a Religião da Política, não pode servir para silenciar a legítima liberdade de expressão dos crentes, quer individualmente, quer em grupo. Ainda que este texto só me comprometa a mim, queria com ele reafirmar algo, tantas vezes, negligenciado. Num mundo plural, livre e democrático, o Cristianismo tem direito de cidadania. Porque, como referiu o Papa Leão XIV na sua primeira homilia, ele não é um “ateísmo prático”. Pode até não estar munido de propostas, mas tem princípios de discernimento, que não são neutros face à realidade.

O primeiro é a defesa da dignidade da vida humana. A ideia de que esta não é um adjetivo ou um complemento, mas antes aquilo que radicalmente somos. Não a podemos retirar, nem acrescentar. Podemos vivê-la de maneira imperfeita. Até expressá-la de maneira insuficiente. Mas ela nunca está em jogo. Não somos, por natureza, nem santos, nem criminosos. Daí advém a recusa da interrupção voluntária da gravidez, da morte medicamente assistida, da tortura, da pena de morte, mas, também, da necessária condenação da guerra e do racismo. Ainda assim, o não ao aborto e à eutanásia estaria incompleto se não fosse acompanhado pelo cuidado e o acompanhamento das pessoas que os praticam (Cf. Evangelium Vitae, n.º 99). Como o está quando não se reconhece que é, também, sagrada a vida do imigrante, do pobre e do sem-abrigo. Aliás, a Igreja não........

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