No Domingo passado, o Papa referiu, na homilia, que “o casamento não é um ideal, mas a regra do verdadeiro amor entre o homem e a mulher; amor total, fiel, fecundo”. A frase, rapidamente, gerou polémica. E, em certas consciências, reacendeu a ideia: a Igreja permanece presa a uma visão antiquada e patética do mundo. Não estou certo. Existem três pontos a fazer.

Antes de mais, é preciso contexto. Não contexto do que o Papa disse. Mas contexto “do lugar de fala” – para recorrer a uma expressão tão cara a certas geografias – do próprio Papa. A Igreja está presente nos cinco continentes, em culturas muito diferentes. E a Europa não é o resto do mundo. Quem ficou chocado com as afirmações de Leão XIV talvez precise de as reler e perceber que, ao afirmar que o casamento “não é um ideal”, mas uma forma de “verdadeiro amor entre o homem e a mulher”, o Papa opõe-se, por um lado, às situações – não raras – onde a mulher é subalterna ao marido e, por outro, às práticas poligâmicas. Dir-se-á que é pouco, mas numa instituição onde a unidade é tão importante, e onde as........

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