Haverá uma guerra justa?
Sei que é desconfortável dizê-lo, mas sim: pode haver uma guerra justa. E dizer o contrário, por mais pacifista que soe, é moralmente irresponsável. Se nenhuma guerra é justa, então nenhuma resistência é legítima. Nem contra tiranias. Nem contra genocídios. Nem contra invasões. É nesse ponto que pacifismo radical e belicismo indiscriminado se encontram: a promoção da guerra e o abandono da “proteção dos justos”, como referiu S. Agostinho. O primeiro troca a dignidade humana por um ideal, em defesa do qual tudo se prescinde. O segundo substitui o bem comum pela vingança e pelo ódio puro. São duas faces da mesma moeda.
Mesmo quando o Papa diz “a Paz esteja convosco”, expressão que Cristo profere nos Evangelhos, está a reutilizar uma frase hebraica, que traduz o estabelecimento da justiça nas relações com Deus, com os outros, consigo mesmo e com o Mundo. E não meramente um convite ao sossego e à inação.
Considerar que a guerra é sempre uma........
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