Não há, talvez, nada tão falso. E até o podemos comprar, receber ou oferecer sem que isso nos saiba a hipocrisia. Não é uma revolta ou uma revolução. É uma constatação. O ovo da Páscoa é uma mentira. A Páscoa pode ser uma surpresa, mas o que o ovo traz não é mais do que o cumprimento de um contrato, de uma negociação, de uma traição. E nem mesmo a Páscoa, como o mundo ou a vida, são brinquedos pré-fabricados e montáveis seguindo um manual de instruções. Se calhar, por isso, nenhuma surpresa que venha dentro de um ovo da Páscoa tem a capacidade de se tornar o brinquedo da nossa vida. Não passa de um truque. Puro marketing. Compramos o ovo. Devoramo-lo até chegar à surpresa. Passado um bocado, nem ovo, nem chocolate, nem surpresa e, no final, somos nós o brinquedo.

A Páscoa não é só sobre um túmulo vazio. É, também, sobre o mundo, por inteiro, ser um túmulo vazio. Não sobre um lugar mágico no qual se introduziu um remendo. Não sobre um espaço que foi esvaziado por nós. A Páscoa, numa verdade........

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