O Papa das surpresas
Se alguma coisa se pode desde já avançar em relação ao Papa Francisco é a de que foi, desde o princípio do seu pontificado e até ao seu termo, o Papa das surpresas. Surpreendente foi a sua eleição para a cátedra de Pedro, surpreendente foi o nome que adoptou como romano pontífice, como surpreendente foi também a sua inesperada morte, na madrugada da segunda-feira de Páscoa, poucas horas depois da solene celebração litúrgica da ressurreição de Jesus Cristo, que foi também o dia da sua derradeira aparição em público e da sua última bênção urbi et orbi.
Na pessoa de Jorge Mário Bergoglio concorreram, de facto, bastantes singularidades que o tornaram um Papa especial, na bimilenária história da Igreja.
Desde logo, a sua condição de Papa sul-americano. É verdade que não foi o primeiro Bispo de Roma não europeu, porque Simão Pedro, a quem Jesus constituiu como seu Vigário na terra, também não era europeu, mas, até Francisco, não tinha havido ainda nenhum Papa americano.
Apesar de sul-americano – recorde-se que, pouco depois da sua eleição papal, Francisco fez questão de renovar o seu passaporte argentino – Bergoglio não tinha uma gota de sangue americano, porque toda a sua ascendência era de origem italiana. Com efeito, tanto a sua família paterna, como materna, eram emigrantes e, por isso, sentiram na pele as agruras a que geralmente são sujeitos os refugiados, na sua procura, por vezes desesperada, de destinos que lhes ofereçam melhores condições de vida.
Desta circunstância decorreu outra característica muito própria do seu modo de exercer o ministério petrino. A primeira viagem pastoral de Francisco, a 8 Julho de 2013, foi à ilha de Lampedusa, porto de chegada de inúmeros migrantes, chamando assim a atenção da comunidade internacional para o drama dessas gentes. Muitos deles são expulsos........
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