O Escândalo da Páscoa, Ressuscitado Irreconhecível
Os Evangelhos relatam quatro ressurreições: a da filha de Jairo (Mt 9, 18-26), a do filho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17), a de Lázaro (Jo 11, 1-44) e a de Jesus de Nazaré. Todas acontecem por acção de Cristo, porque ele próprio tinha poder de dar a sua vida e de a retomar (Jo 10, 18), o que não é humanamente possível. A ressurreição de Jesus é a prova definitiva da sua divindade, que é o fundamento da fé cristã (1Cr 15, 12-19).
As três primeiras ressurreições não suscitaram nenhuma dúvida quanto à identidade dos ressuscitados, mas não assim a ressurreição de Jesus. Com efeito, Cristo ressuscitado não foi de imediato reconhecido pelos seus discípulos, que tiveram dificuldade em chegar à conclusão de que se tratava da mesma pessoa que eles tão bem conheciam e tinham seguido durante vários anos. Ora, uma tal resistência, vinda dos seus mais próximos colaboradores, parece debilitar a fé na ressurreição de Jesus de Nazaré.
São Mateus refere que as mulheres, tendo ido ao sepulcro de Cristo, encontraram-no vazio. Apareceu-lhes então um anjo, que lhes disse: “Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou, como tinha dito.” (Mt 28, 6). Quando elas foram dar a notícia aos apóstolos, o próprio Cristo foi ao seu encontro. Nesse dia também apareceu aos apóstolos, mas nem todos o reconheceram: “Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam.” (Mt 28, 17). A dúvida só pode ter surgido porque a fisionomia de Jesus ressuscitado não coincidia com a imagem que dele tinham, ao contrário do que acontecera com a filha de Jairo, com o filho da viúva de Naim e também com Lázaro.
São Marcos insiste nesta inicial incredulidade dos apóstolos. Jesus, “tendo ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria de Magdala, da qual expulsara sete demónios. Ela foi anunciá-lo........© Observador
