Cipriani: um novo caso Pell?!
No passado dia 28, o Observador noticiou – reproduzindo uma notícia do jornal espanhol El País – que o peruano Cardeal Juan Luís Cipriani, Arcebispo emérito de Lima, teria sido “afastado da Igreja Católica em 2019 pelo Papa Francisco, na sequência de acusações de abusos sexuais sobre (sic) um menor em 1983”. Felizmente, nem o Cardeal Cipriani foi “afastado da Igreja Católica”, da qual continua a fazer parte com todos os direitos e deveres inerentes à sua condição, como também nunca se provou que tivesse abusado sexualmente de alguém, muito menos de um menor.
Apesar de se tratar, como é óbvio, de um caso inverosímil, Cipriani, em carta a El País, reagiu de imediato, negando absolutamente quaisquer abusos por ele praticados: “não cometi nenhum delito nem abusei sexualmente de ninguém em 1983, nem antes, ou depois desta data”.
Como escreveu o ex-Arcebispo de Lima, “por desgraça, não é a primeira vez que se acusa falsamente um cardeal, com relatos cheios de pormenores escabrosos”. Esta referência parece ser uma alusão à falsa denúncia contra o falecido Cardeal Pell, que foi acusado de pedofilia, tendo sido condenado e cumprido um ano de reclusão num estabelecimento penitenciário australiano. Tendo interposto recurso contra essa injusta sanção, a mesma foi anulada por sentença definitiva do tribunal superior, que também declarou, dada a falsidade das acusações, a inocência do prelado, já então de idade avançada e, portanto, a sua imediata libertação.
No caso Pell, que chegou a ser o número três da hierarquia do Vaticano, logo após o Santo Padre e o Cardeal Secretário de Estado, admitiu-se a hipótese de alguém com responsabilidades na Santa Sé ter subornado os falsos denunciantes. O purpurado difamado, ao abrigo da imunidade diplomática que o seu cargo lhe conferia, podia ter ignorado a inconsistente calúnia de que fora alvo, mas, como quem não deve não teme, preferiu renunciar à sua posição na cúria pontifícia e regressar à Austrália, para defender o seu bom nome e honra.
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