Digam qualquer coisa interessante
Voltei, no passado sábado, do Vale do Loire, depois de uma semana de férias. Por hábito de quem aprecia a sua rotina, desfiz as malas na exacta noite do regresso, mas talvez devesse tê-las deixado intactas, como quem aprecia o prazer perverso de adiar regressos.
França tem os seus problemas, que não são poucos, mas tem sempre a grande vantagem de nos embebedar pela beleza, e não pelo tédio. Os franceses, não raras vezes, e talvez injustamente, acusados de arrogância e soberba, terão os seus defeitos comuns de civilização, mas possuem uma predisposição para o belo que apazigua. Ao invés, o nosso espaço público – e talvez também o espírito – é exclusivamente de uma sobrevivência funcional, nunca de um prazer ornamental. França faz das suas frustrações decoração; nós embrulhamo-las em papel de merceeiro. E adiante, antes que o leitor discuta – ou, pior, que se aborreça.
Ao fim de dois dias, esquecera-me a campanha eleitoral em que Portugal, mais uma vez, mergulhou. Recordei-a, com esforço, para participar num Contra-Corrente, da nossa rádio Observador. Tínhamos passado o........
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