menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Uma grande riqueza

9 31
18.05.2025

Os nossos pais contavam que eu não exultei com o nascimento sucessivo das minhas três irmãs e que terei manifestado alguma desilusão ao ir à maternidade conhecer a segunda ou a terceira. Se tive tais sentimentos – o que pode bem ter acontecido – acho que os superei rapidamente, sem que deixassem marcas. Talvez também porque ser o mais velho e o único rapaz trazia alguns privilégios. Por exemplo, ter um quarto só para mim ou não ter de herdar a roupa dos irmãos mais velhos. Ser o primogénito também trazia responsabilidades acrescidas, principalmente durante as longas férias de Verão na Costa de Caparica. Era também com o mais velho que a nossa mãe partilhava os segredos ainda vedados às minhas irmãs: afinal, não era o Menino Jesus que deixava as prendas no sapatinho colocado na chaminé, na véspera de Natal; porém, ainda não era altura de o revelar e eu tinha de guardar com muito cuidado esse segredo.

Devo também ter sido o primeiro a quem a nossa mãe contou de onde vinham os bebés, pedindo que rezasse primeiro a Ave Maria e parasse na frase “bendito é o........

© Observador