O pequeno diário do grande Estado
Terça-feira, 17
A presidente da junta dos Olivais comanda uma enorme falange de 260 funcionários públicos que (palavras dela) “trabalham incessantemente, sem descansar”, para garantir que o bom povo que tem a felicidade de habitar naquela freguesia possa passar os seus dias banhado em paz e em concórdia. Por isso, nesta época pré-natalícia, decidiu, como se fosse a reencarnação de um imperador romano, distribuir pão e circo — ou, numa adaptação aos tempos modernos, tolerâncias de ponto. O Estado tem o hábito sovina de permitir tolerância de ponto aos funcionários apenas nos dias 24 e 31 de Dezembro. Mas Rute Lima não se deixa toldar por esta triste falta de ambição. Assim, decretou que, entre 21 de Dezembro e 5 de Janeiro, os funcionários da junta dos Olivais precisarão de trabalhar apenas um único e solitário dia. Não passa pela romana cabeça de Rute Lima que a sua função não é gerir dinheiros privados — é gerir dinheiros públicos. E que, por isso, cada euro que gasta com liberalidades........
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