O almirante Gouveia e Melo já anunciou à pátria que o seu pensamento político se situa, prudentemente, entre o PSD e o PS; já garantiu às massas, para evitar chatices, que é contra os populismos; já esclareceu aos apoiantes, para se afastar de más companhias, que considera que os últimos 50 anos foram um indiscutível sucesso; já jurou ao povo, para não precisar de se comprometer, que é possível ter ao mesmo tempo “manteiga” e “canhões”; e já explicou aos eleitores, usando a sua enorme elasticidade ideológica, que consegue ser simultaneamente social-democrata, socialista, conservador e liberal (por essa ordem ou por qualquer outra). Ouvindo tudo isto, uma pessoa poderia pensar que Gouveia e Melo é apenas um Marques Mendes de farda. Ou seja, mais um representante do centrão.

Mas, obviamente, Gouveia e Melo não é nada disso. Porque, numas eleições presidenciais, aquilo que um candidato diz e pensa é, em larga medida, irrelevante — o mais importante é........

© Observador