Está farto de eleições? Então este texto é para si
Em 1977, um jornalista da revista brasileira Veja passou 40 dias num hotel de Havana à espera de ser chamado para entrevistar Fidel Castro. Ainda em São Paulo, na redação, o diretor tinha-lhe dito que, na conversa, era fundamental perguntar ao ditador porque é que não havia eleições em Cuba. Fidel, naturalmente, não se deixou atrapalhar. Respondeu, como se estivesse a debitar a mais ingénua das banalidades, que os cubanos já tinham “feito as suas escolhas” e que, por isso, não havia necessidade de repetições.
Não se pode dizer que Portugal carregue às costas o mesmo problema. Tivemos eleições legislativas a 30 de janeiro de 2022, depois a 10 de março de 2024 e agora a 18 de maio de 2025 — ou seja, três em quatro anos. Algumas luminárias, temendo talvez ser confundidas com Fidel Castro, juram que as eleições “nunca são um problema” porque o voto é sempre “a festa da democracia” (ou algo similarmente poético). Obviamente, quando estamos a falar de uma contabilidade de eleições, antes a mais do........
© Observador
