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Devíamos fazer uma estátua ao velho De Gaulle

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02.03.2025

Para quem não nasceu entre Bayonne e Calais ou entre Nice e Cherbourg, aquela “certa ideia da França” que insuflou Charles de Gaulle toda a vida podia ser ligeiramente irritante. A convicção inabalável e irrefreável de que a “grandeur” era um direito adquirido dos franceses podia levar o mais paciente dos seres a perder as estribeiras. No entanto, 55 anos depois da sua morte, os europeus são forçados a reconhecer que, pelo menos num ponto importante — fatalmente importante —, o Presidente francês tinha absoluta razão: entregar a segurança do continente aos Estados Unidos era uma imprevidência. Pior: era uma abdicação. Pior ainda: era uma armadilha.

Entre 1959 e 1969, o Presidente francês tomou decisões seguindo uma ideia antiga que repetiu várias vezes: “A vida das nações é uma luta permanente.” Por isso, como conta o seu melhor biógrafo, Julian Jackson, De Gaulle sabia que não era possível confiar em ninguém. Não era possível confiar nos inimigos, mas, de igual forma, não era possível confiar nos aliados. Uns e outros estavam, acima de tudo, preocupados com os seus próprios interesses.

Claro que De Gaulle estava consciente da dolorosa realidade de que, em certo sentido, a França só continuava a existir por causa dos Estados Unidos. Sem os americanos, a Segunda Guerra Mundial teria sido........

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