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Portugal e a maldição da 1.ª República

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05.05.2025

Há quem diga que o tempo cura tudo. Que as décadas lavam as feridas e que a distância histórica nos liberta das maldições do passado. Mas quem escuta com atenção o murmúrio dos corredores de São Bento sabe que há dores que não cicatrizam — que apenas se escondem sob novas roupagens. A Primeira República morreu oficialmente em 1926, mas o seu fantasma nunca saiu de cena. Continua por ali, espreitando por detrás dos discursos inflamados, pairando sobre as promessas de estabilidade que nascem e morrem ao ritmo dos ciclos eleitorais.

A cada nova legislatura, a cada governo que tenta equilibrar-se no fio da navalha política, ouve-se novamente o ranger do palco onde, há mais de cem anos, se representava o mesmo enredo inquieto: o da esperança que se esfarela em disputas estéreis, o da liberdade que se perde em ruídos inúteis, o da democracia que se torna refém dos seus próprios........

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