menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Cada um com a sua: a verdade deixa de importar

13 8
05.06.2025

A política democrática caracterizada pelo confronto racional de ideias, traduz-se, hoje, num ritual decadente, onde o debate cedeu lugar ao ressentimento, e a argumentação deu lugar ao espetáculo. A raiz deste colapso não reside no folclore que caracteriza as campanhas ou na mediocridade dos atores políticos, mas numa transformação mais profunda: o esvaziamento da verdade como referencial comum.

A objetividade é tratada com suspeição e a subjetividade foi transformada em absoluto. A ideia de que cada um tem a sua verdade é a manifestação de um relativismo cognitivo extremo, no qual a experiência pessoal se sobrepõe ao conhecimento validado. A verdade deixou de ser uma construção coletiva e passou a ser aquilo que confirma o que se sente e esta distorção cria o ambiente ideal para o populismo onde, em vez de propostas, surgem culpados e em vez de soluções, slogans identitários que alimentam frustrações.

Na sua obra desencantada, Michel Houellebecq reconhece este novo deserto........

© Observador