Há algo de podre no seio da Comissão Europeia
Pela segunda vez em dez meses, o Tribunal de Justiça da União Europeia censurou a Comissão liderada por Ursula von der Leyen pela falta de transparência na gestão das compras de vacinas contra a Covid-19. A decisão “T-36/23 – Stevi e The New York Times v. Comissão” proferida esta semana diz respeito às mensagens de texto trocadas pela presidente da Comissão com Albert Bourla, CEO da Pfizer, no âmbito das negociações que, em Maio, levaram à assinatura do mais caro dos onze contratos assinados em nome dos Estados da UE, o do valor estratosférico de 31 mil milhões euros.
O caso remonta a 2021, aquando do período pandémico e das negociações com empresas farmacêuticas para fornecer cobertura de vacinação aos 27 Estados-membros. Von der Leyen concluiu a compra de 300 milhões de doses da Pfizer, às quais se somaram mais 100 milhões de doses em Abril. Poucos dias depois, outro contrato foi anunciado, num total de 71 mil milhões de euros que asseguraram 4,6 mil milhões de doses de vacinas. Tantas doses, tanto dinheiro em jogo. Matina Stevis-Gridness, jornalista do New York Times, quis ver as mensagens de texto para avaliar melhor as condições em que a Comissão — contornando os procedimentos e os peritos nomeados pelos Estados, como já foi observado pelo Tribunal de Contas da UE — decidiu concentrar-se sobretudo na maior empresa e em quantidades que depois se revelaram excessivas, a ponto de justificar um contrato compensatório em 2023 para reduzir também as entregas previstas para os anos seguintes e o preço devido por cada dose.
A Comissão, depois de ter alimentado alguma ambiguidade sobre a troca efectiva de mensagens de texto, acabou por a admitir, sobretudo depois do próprio Bourla ter afirmado, durante uma entrevista, que havia negociado o acordo histórico de fornecimento de vacinas com Von der........
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