Pedro o Pequeno
1 O máximo da polarização, o máximo da indecência, o máximo da solidão?
É isso. Talvez o máximo.
Não que Isabel Ayuso o diga, estas palavras são minhas. Mas a Presidente da Comunidade de Madrid – e nesta ocorrência hoje sentadas ambas, ela e eu, à mesma mesa – olha sem sombra de compaixão as fracturas expostas de Pedro Sànchez, líder do Governo Espanhol.
Fá-lo sem surpresa para mim: a “Presidenta” é forte na observação, percebe de política e sabe fazê-la. Já nos conhecíamos, reencontrámo-nos na capital espanhola, retive o que lhe ouvi – a ela e a outros interlocutores – sobre a conjuntura política da Espanha, o Partido Popular, o PSOE, a Catalunha. Mas se esta conversa ficará para mais tarde e noutro lugar, é dessa mesmíssima conjuntura que pretendo hoje deixar aqui nota por duas razões: pela destoante atitude do Presidente do Governo espanhol numa das ultimas cimeiras europeias – e haverá coisa que neste momento mais tenha a ver connosco do que a resposta que se organiza na UE à nova era geoestratégica em que entramos? E em segundo lugar porque me espanta a quase ausência entre nós, aqui mesmo, mesmo ao lado, de informação relativa ao que tem sido o tão incomum comportamento político do presidente do governo de Espanha. Bem sei que há Trump e Trump tudo leva de enxurrada; que há um acordo de paz Rússia/Ucrânia a (fingir) ser negociado; que há a China, que há Israel; que há Groelândias e Tawains a ser cobiçadas diante de nossos écrans pelos autocratas. Que há o assalto ao direito internacional vindo de uma geografia de onde não se esperaria. Mas… há a “Europa”. Desamparada Europa ainda à procura de acordar de si mesma e dar prova de vida. Cerzindo a vontade política de 27 países, construindo poder político e militar, acreditando na unidade tão imperativa quanto não........
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