1 Há dias, num programa da rádio desta casa, um ouvinte surpreendeu-me pela clareza com que, ao entrar no ar por telefone, me confirmou o que eu suspeitava ser um eleitor do Chega: alguém que tem uma realidade para uso próprio e que acredita contra ventos e marés que o Chega lhe trará luminosos amanhãs. Numa intervenção de razoável duração o ouvinte disse o que pensava: do país, da política, da justiça, dos “outros” partidos, dos “outros” políticos, por aí fora. Sem surpresa. Não havia ressentimentos exaltados ou más maneiras, havia isso sim o cansaço impaciente daquilo que ele acha “disto tudo”: abusos, corrupção, maus governos, salários baixos, insegurança. Por exemplo. Um estado de coisas a que obviamente este ouvinte achará que o Chega porá termo, porque naturalmente acredita e vê – naturalmente sem hesitação nem esforço – em André Ventura o fornecedor garantido do bilhete de entrada para esse caminho de ilusão.

Pelo facto de acreditar – facto fortíssimo – o ouvinte talvez ainda não tenha dado por isso que o Chega tem eleitorado mas........

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