Ideologia de género: o rapto da infância
Em 2021, há cerca de quatro anos, mais de cinquenta profissionais médicos e académicos de renome – juristas, pedagogos, filósofos, sociólogos, psiquiatras, juízes, e psicanalistas -criticaram a ideologia transgénero e condenaram a «redesignação sexual» em crianças. A posição deles foi tornada pública numa carta aberta, publicada em parceria com o Observatório dos Discursos Ideológicos sobre Crianças e Adolescentes no site L’Express, que não teve qualquer destaque neste cantinho à beira-mar plantado, mas que vale a pena ler na íntegra.
Não podemos continuar em silêncio perante o que nos parece ser um grave desvio cometido em nome da emancipação da “criança transgénero” (aquela que declara não ter nascido no “corpo certo”). Os discursos radicais legitimam os pedidos de mudança de sexo apenas com base nos sentimentos, que são apresentados como a verdade. Mas isso é feito à custa de tratamentos médicos ou mesmo cirúrgicos (remoção dos seios ou dos testículos) para toda a vida no corpo das crianças ou dos adolescentes. É este fenómeno e a sua visibilidade mediática que nos preocupa, e não as escolhas dos adultos transgéneros.
Talvez pensando que poderia dar uma resposta, o Governo escocês emitiu, desde 12 de Agosto de 2021, novas directrizes para a inclusão LGBT, segundo as quais as crianças em idade escolar primária poderão alterar os seus nomes e género na escola sem o consentimento dos pais. Sem o seu consentimento e mesmo sem que os pais sejam informados, se a criança o solicitar.
As crianças são levadas a acreditar que uma rapariga pode tornar-se rapaz e vice-versa porque decidiram fazê-lo sem o conselho dos adultos, e isto acontece cada vez mais cedo.
O que está a acontecer nos nossos países vizinhos pode muito rapidamente acontecer em França: a difusão proteica destas crenças resultou, nos últimos anos, numa inflação considerável de pedidos de mudança de sexo entre as crianças e, mais particularmente, entre as adolescentes. Segundo Jean Chambry, pedopsiquiatra responsável pelo CIAPA (Centre Intersectoriel d’Accueil pour Adolescent) de Paris, há cerca de dez anos, havia cerca de dez pedidos por ano; em 2020, havia dez pedidos por mês (apenas para a região de Ile-de-France). O responsável fala de uma aceleração preocupante das respostas médicas a estes pedidos de transição.
Discursos banalizados afirmam que poderíamos prescindir da realidade biológica, da diferença sexual entre homens e mulheres, em favor de singularidades escolhidas com base apenas em “sentimentos”. Estes discursos ideológicos enganadores são transmitidos nas redes sociais, onde muitos adolescentes com........© Observador
