menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

As tarifas de Trump

7 13
08.02.2025

A Chicago Booth School of Business tem um painel de economistas a quem pergunta regularmente as suas opiniões profissionais sobre assuntos económicos. Este painel é composto pelos melhores economistas do mundo, de vários quadrantes ideológicos, vários dos quais ganharam o Nobel da Economia. Mais de 40 economistas deram a sua opinião sobre os custos e benefícios do comércio internacional. Quando questionados sobre se os benefícios do comércio internacional no crescimento económico e para os consumidores são superiores a qualquer custo pontual em indústrias específicas, exactamente zero destes 40 economistas de topo discordou da afirmação. Quando questionados sobre se o acordo da NAFTA (North American Free Trade Association, um acordo comercial dos EUA com o México e o Canadá feito nos anos 90, para maior integração económica dos três países) foi positivo, mais uma vez, nenhum dos 40 economistas discordou. O consenso generalizado é que a NAFTA foi positiva e o comércio internacional livre – sem tarifas e sem quotas – também.

Perante este consenso dos economistas, importa então fazer duas perguntas: em primeiro lugar, por que é que as políticas comerciais proteccionistas parecem actualmente fazer sucesso político? Em segundo lugar, por que é que Donald Trump, eleito pelo partido Republicano, parece gostar tanto de tarifas a ponto de poder vir a desencadear uma guerra comercial entre as principais potências económicas do mundo, cujos efeitos deixarão a grande maioria das pessoas bem pior? O puzzle é especialmente interessante porque o partido Republicano era, tradicionalmente, o partido que acreditava nos mercados livres, na globalização económica e nos benefícios do capitalismo.

Para responder a estas questões importa regressar ao início do século. Em 2001, a China entrou na Organização Mundial do Comércio. Este evento parecia marcar a definitiva vitória do liberalismo económico e do capitalismo. Após a queda da União Soviética e o início da liberalização da economia Chinesa iniciada por Deng Xiaoping em 1979, até o regime comunista chinês parecia apoiar agora com uma das pedras basilares do capitalismo e da ordem international liberal.

A entrada da China na OMC foi um evento verdadeiramente transformador: retirou milhões e milhões de pessoas da pobreza e encaminhou-as para as classes médias não só na China mas também, como num dominó, em muitos outros países em desenvolvimento. Nas economias mais avançadas, na Europa e nos EUA, as classes médias tiveram acesso a um estilo de vida mais confortável do que nunca porque muitos dos produtos que consumiam tiveram uma diminuição considerável no custo – mesmo que o discurso........

© Observador