O fim de um ciclo
Os eleitores portugueses já perceberam. A comunicação social é que ainda não. E não porque vive precisamente de e para uma situação que lhe convém que permaneça mas que está prestes a desabar.
Os eleitores estão fartos do bipartidarismo em que vivemos há décadas. PS e PSD revezam-se na mediocridade, compadrios, situacionismo, escândalos, nepotismo, semanal corrupção e total e completa ausência de perspectivas ideológicas, éticas e culturais. Faz lembrar o horrível rotativismo que nos assolou no fim da monarquia. Cavaco ainda tentou lançar a vaga ideia do homem novo, desempenado, aberto à iniciativa e ao mercado e europeu, mas era apoucada e sobretudo já era tarde. O PS nem isso. Os partidos maioritários são escolas de pretendentes a quadros a fazerem fila para chegarem às mordomias do poder. Mais nada. Não sai dali uma ideia, um projecto consistente e mobilizador. Tudo se resume a banalidades, arremedos e questões de prioridades pessoais. Chegámos ao grau zero da política, porque ao da ética já tínhamos chegado há muito tempo. Há muito que digo que os políticos actuais dividem-se em duas grandes categorias; os que já estão constituídos arguidos e os que ainda não estão. E os eleitores lá vão assistindo impotentes mas enojados ao cortejo mediático do poder. Parafraseando o nosso Eça; isto está de arregaçar as calças.
Um sintoma recente do descalabro total a que a política chegou........
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