Mais uma vez o terrorismo intelectual
Já aqui tinha escrito sobre o assunto. Mas volto a ele porque acho indispensável fazê-lo pois creio que ficou alguma coisa por dizer.
Alexis, visconde de Tocqueville, o mais lúcido pensador político do século XIX, alertava-nos para as novas formas de despotismo que nos esperavam no século seguinte e mesmo depois. Tinha toda a razão. Perguntava ele que espécie de despotismo deviam temer no futuro as nações democráticas. Não se assemelharia a nada visto no passado. Seria novo. Basear-se-ia numa nova religião secular apoiada pelo poder imenso e tutelar de um estado totalitário apostado em reduzir os fiéis cidadãos à infância, impedindo-os de pensar e muito menos de usar o espírito crítico, para o que lhes forneceria uma cultura simplificada e fácil, acessível e «aderencial», baseada na mentira e na manipulação. O objectivo seria um cidadão infantil, irresponsável, assexuado e epicurista. Para tanto dava-lhe a consumir uma ideologia básica e simplória que o estado lhe impingiria através da manipulação do ensino e da ruptura organizada dos laços familiares visando integrá-lo numa massa indistinta de seres todos iguais e previsíveis, condição indispensável para a hegemonia do Estado. Indispensável seria assim cortar com o passado, renegá-lo em prol de um homem «novo» domesticado e acéfalo, permeável a tudo e dúctil.
Era este o perigo. Era este o conteúdo do novo despotismo. A. Huxley e G. Orwell souberam traduzir magistralmente esta mesma preocupação na ficção literária.
Se olharmos para a situação actual no Ocidente concluímos que Tocqueville tinha mais do que nunca razão.
A ideologia correspondente tem um nome, o comunismo esquerdista. A manipulação foi sempre o seu forte e dela sempre........
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