A fraca oratória da política à portuguesa
1 Há muito que a política portuguesa é um relambório de escândalos. Foi assim com os governos anteriores e nada indica que vá acabar. Não há ideias, nem reformas, há dissimilação, mentiras, desfaçatez e desonestidades. Ninguém tem hoje no nosso país confiança na classe política que temos.
Quem for hoje para a política arrisca-se a juntar-se a indesejáveis, a frequentar maus ambientes e a ter de colaborar com eles quando não a ter de os defender. Nunca o nível chegou tão baixo. A consequência disto é adulteração da linguagem política e a desvalorização do debate democrático das ideias. Não se vê o fim desta situação.
A linguagem política não alinha hoje argumentos válidos e convincentes para justificar decisões. Não é retórica. É apenas vã oratória. Visa só garantir a sobrevivência dos dirigentes no meio do pântano em que vivem. Faz lembrar o velho conselho de Maquiavel; o príncipe pode e deve usar da dissimulação para enganar o povo e manter o poder. Para isso a oratória da maioria dos actuais políticos portugueses tem por objectivo deturpar os significados, empobrecer e corromper a linguagem e, portanto, impedir-nos de pensar.
Não quero com isto dizer que não seja próprio do homem saber falar a propósito do assunto que lhe é colocado, como diziam os clássicos, mas isto não significa que possa mentir. A mentira tem a perna curta.
2 Quem não tem argumentos convincentes tem de viver do palavreado que já traz preparado de casa ou seja, da oratória que transmite pela palavra e pelos seus........
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