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 A «french theory» 

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15.01.2025

Confesso que estou farto e já não é de hoje de ler e reler os já falecidos pós-modernos franceses, desde Foucault a Deleuze, Derrida e quejandos. Leio-os há mais de quarenta anos e devo dizer que nunca me impressionaram. E não foi só a mim a julgar pelo destino dos seus nóveis sequazes que hoje só conseguem, ao que parece, uns contratos precários em universidades norte e sul-americanas de segunda ou terceira categoria porque as principais já lhos não renovaram, logo que perceberam que dali não vinha nada de útil e só palavreado.

O mais sério deles foi Foucault. Ocupa o seu lugar na história do pensamento ocidental. Derrida também merece toda a atenção por outras razões ligadas à hermenêutica dos textos, mas de que não vou aqui falar.

A mensagem era esta: depois da «morte de Deus» de que a crítica oitocentista da modernidade, Nietzsche ao leme, se encarregou, faltava a «morte do homem». Logo Deleuze aproveitou o filão para a pretexto de uma filosofia «imanentista» e puramente «empírica» se encarregar de nos fazer acreditar que o homem como base do pensamento e da razão não existe. Só há relações passageiras em constante polaridade e apenas a partir do seu conjuntural arranjo se consegue esculpir um simulacro de identidade (pseudo) subjectiva, logo em crise, porque contingente e fortuita. A subjectividade é um logro porque só há circunstâncias em desalinho e permanente rotação. Não há identidades: há fragmentos. Não há nada de intelectualmente fixo: só há virtualidades. Não há certezas, mesmo que transitórias: só há perspectivas. Não há centros nem continuidades: o que é preciso é confiar nas desviantes «linhas de fuga» e adoptar soluções efémeras como os castelos de areia à mercê da próxima vaga. Não há cultura nem ética: há recitais e transigências. A individualidade não é senão um caminho pedregoso num meio caótico sem direcção certa como as raízes descentradas de um........

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