menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O teatro da saúde: ensaio geral para o colapso

7 6
28.04.2025

Dizem que os dinossauros foram extintos por um asteroide, mas os profissionais de saúde parecem estar a desaparecer por causas bem mais modernas: exaustão crónica, salários de museu e turnos que desafiam as leis da física e da sanidade. São uma espécie resiliente, é certo, aguentam anos de formação, más condições de trabalho e ainda sorriem nos corredores, não se sabe bem se por resistência, ou por delírio induzido pela falta de sono.

Os enfermeiros? Ah, os enfermeiros…, esses seres mitológicos que conseguem estar em vários sítios ao mesmo tempo, administrar medicação, fazer pensos, consolar doentes, telefonar a famílias, tapar pés frios, conter surtos, registar tudo em três sistemas diferentes (nenhum deles compatível)… e ainda assim pedir desculpa por não terem chegado mais cedo. São a espinha dorsal dos serviços, o motor da máquina, mas são tratados com a gratidão reservada ao motor de uma máquina de lavar: só se repara que existe quando se avaria. No SNS, são chamados de “essenciais”, o que é uma palavra bonita para “subvalorizados”. No privado, são um investimento a cortar, até porque já há soluções mais rentáveis, como “equipas flexíveis”, “modelos inovadores de cuidados”, e outras formas criativas de dizer “menos gente, mais trabalho”. Afinal, para quê um enfermeiro, se podemos ter um assistente com formação de três dias, sorriso........

© Observador