Negacionistas ou objectores?
Há tempos fui criticado por usar o termo “negacionistas” para designar os opositores das vacinas, porque o termo já encerraria em si um juízo de valor. A minha ideia, ao utilizar o termo, não era fazer condenações a priori – era utilizar uma velha estratégia retórica, que consiste em reapropriar para a linguagem comum termos usados pejorativamente. Como atitude, é a antítese da vitimização e isso agrada-me. Mas é verdade que posso utilizar um termo mais neutro: “objectores”. É um bom termo porque remete para objecção argumentativa, que é sempre uma boa atitude quando se debate. Além disso, traz consigo a memória histórica da “objecção de consciência”, cuja origem foi, de resto, um episódio de resistência às vacinas. Nada mais adequado, portanto.
O episódio conta-se depressa. Desde 1840 que uma lei do parlamento garantia vacinação gratuita aos pobres. Em 1853, uma nova lei tornou a vacinação obrigatória para todas crianças nos primeiros três meses de vida, sob pena de multa e mesmo prisão para os pais que o não fizessem. Os protestos começaram imediatamente, com tumultos........
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