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Os desafios de Montenegro e a imaturidade de PNS

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20.05.2025

1 O sistema político português mudou este domingo. O bipartidarismo acabou e a partilha de poder entre PSD e PS está realmente ameaçada pelo Chega — que provavelmente deverá ser o segundo grupo parlamentar com mais deputados com a conclusão do escrutínio dos votos da emigração. O Chega já não pode ser visto como um fenómeno conjuntural. Já é uma força estrutural do regime.

A segunda nota geral é que a AD reforçou claramente a sua votação face há um ano. Para já, teve mais 140 mil votos, mais 10 deputados, ganhou em mais mais quatro distritos (no total, 13 no continente e nos Açores e na Madeira) e em mais 56 concelhos, venceu claramente em todo o litoral de Viana do Castelo até Lisboa e nas principais cidades do país.

Luís Montenegro foi claramente legitimado nas urnas. Tendo em conta o que está na origem destas eleições, isso é algo muito relevante do ponto de vista político. Pedro Nuno Santos fez do caso Spinumviva um dos eixos da sua campanha. Disse e repetiu que Luís Montenegro não era honesto, que não era sério, que misturava os negócios com a política e que tinha um problema ético. Os portugueses discordaram do secretário-geral do PS. Montenegro quis, desde o início, fazer destas eleições um referendo à sua integridade e ganhou esse referendo.

Em termos de governabilidade, parece que vamos continuar na mesma. Será mesmo assim?

2 Vamos por partes — e começando pelos desafios de Luís Montenegro e a governabilidade. É verdade que tínhamos um governo minoritário e vamos continuar a ter um governo minoritário. E não podemos ter eleições durante um ano. Mas esses factos são precisamente aqueles que fazem com que a governabilidade tenha melhorado de forma significativa. O receio que existia de mini-ciclos poderá não concretizar-se por duas razões essenciais:

Das declarações de Luís Montenegro e de Rui Rocha ficou evidenciado que os dois partidos não deverão formar nenhum Governo de coligação e, muito provavelmente, não farão nenhum acordo de incidência parlamentar. Por uma razão simples: os votos da IL não são fundamentais para ultrapassar toda a esquerda, logo os liberais não somaram.

Montenegro foi bastante claro: o primeiro-ministro saiu com legitimidade reforçada, o programa da AD foi viabilizado pelos eleitores e será o programa de Governo. E, colocando o ónus da governabilidade nas oposições, Montenegro defende que o povo quer que o Governo dialogue com os restantes........

© Observador