Vitórias do arquétipo feminino
O Dia Internacional da Mulher é tradicionalmente marcado pela justa celebração de figuras notáveis do sexo feminino. Embora seja importante enaltecer o génio individual das mulheres, não deveria o dia 8 de março dar igual relevo às conquistas do pensamento e do arquétipo feminino na era pós-moderna?
Ao longo dos séculos, os paradigmas, os axiomas e a atividade intelectual do Ocidente foram canonizados quase exclusivamente por homens e informados maioritariamente por perspectivas masculinas – de Sócrates e Platão a Nietzsche e Camus. Esta exclusão das mulheres não se deveu à sua falta de brilhantismo, nem apenas às severas restrições que lhes eram impostas.
Este predomínio masculino esteve enraizado na forma como o homem se via si próprio. O homem ocidental assumiu-se como um herói Prometeico, impulsionado pela astúcia e ímpeto, sempre em luta para superar limites e controlar o mundo que o rodeia – incluindo a própria Mãe-Natureza. Terá esta hegemonia masculina no progresso ocidental sido apenas uma consequência inconsciente da evolução histórica, ou terá sido um elemento essencial para essa mesma evolução?
As grandes correntes intelectuais da história ocidental – do racionalismo grego ao objetivismo científico europeu, das religiões judaico-cristãs ao capitalismo – foram moldadas por uma assertividade tipicamente masculina. Essa trajetória implicou um afastamento........
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