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Trudeau cai, mas as sensações ficam

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20.01.2025

Como português expatriado no Canadá, o meu 2025 foi marcado pela demissão de Justin Trudeau, que até ao dia 6 de janeiro ocupava as funções de Primeiro Ministro e líder do Partido Liberal. Para a população, a sua demissão não só já era esperada, como pecou por tardia. Trudeau tornou-se um exemplo paradigmático de governantes que perdem o apoio popular ao tratarem as frustrações legítimas da população como meras “sensações.” Este fenómeno, aliás, não é exclusivo do Canadá e encontra ecos no estado atual de Portugal, onde os receios crescentes em relação à segurança e à imigração têm sido desvalorizados como percepções infundadas.

No caso canadiano, a queda de Trudeau era já antecipada desde o final de 2024, quando a sua popularidade atingiu o ponto mais baixo da sua liderança. Desde 2019, o Partido Liberal governava com uma minoria parlamentar, sustentada por uma coligação frágil com o Novo Partido Democrático (NDP). Em dezembro, a situação tornou-se insustentável: dois ministros-chave abandonaram o governo, incluindo Chrystia Freeland, Ministra das Finanças, cuja saída coincidiu com o anúncio de um défice federal superior a 60 mil milhões de dólares, após esta ter garantido meses antes que o défice ficaria na ordem dos 40 mil milhões. A demissão da ministra agravou, ainda, as tensões internas no Partido Liberal, com deputados a questionarem abertamente a capacidade de Trudeau para liderar quer o país ou o partido. Ao mesmo tempo, a oposição anunciou que estava pronta para apresentar uma moção de censura na primeira sessão parlamentar do ano, o que dissolveria o governo e convocaria eleições antecipadas.

No anúncio da sua demissão, Trudeau prorrogou as atividades parlamentares até 25 de março, oferecendo aos liberais algumas semanas para que possam resolver as disputas internas e nomear um sucessor. Trata-se, portanto, de um presente........

© Observador