Pedro Nuno Santos: libertino, insensato, moderado
Pedro Nuno Santos tem demonstrado uma surpreendente capacidade de adaptação política, mas não no sentido virtuoso do termo. A mudança súbita no seu discurso sobre imigração, agora mais restritivo e cauteloso, é apresentada como uma linha que, segundo o próprio, sempre seguiu. Contudo, a falta de registos ou declarações que sustentem tal continuidade coloca em dúvida não apenas a consistência das suas ideias, mas também a espinha moral que deveria alicerçar a liderança de um partido com a dimensão do Partido Socialista.
Um líder que se recusa a reconhecer mudanças no seu próprio pensamento não apenas compromete a sua credibilidade, mas também abdica da oportunidade de demonstrar maturidade e capacidade de adaptação. Liderar implica confrontar-se com a realidade, mesmo quando desconfortável, e reconhecer mudanças como resultado de reflexão – e não como mera conveniência política. Ao negar a evolução das suas ideias, Pedro Nuno foge à responsabilidade de justificar a sua posição com a honestidade que se exige de quem tem a confiança do seu eleitorado. Se a verdade é subjugada à conveniência, o governante torna-se uma sombra de si mesmo, traindo o ideal de justiça que deveria reger as suas ações.
Não surpreende, então, que........
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