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O Acordo de Paris sempre foi uma ilusão

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03.02.2025

O Acordo de Paris, saudado como um marco histórico na diplomacia climática global, há muito que é uma ilusão de progresso. Apesar do objetivo ambicioso de limitar o aquecimento global abaixo de 2°C em relação a níveis pré-industriais, o acordo foi penosamente modesto desde a sua formulação. Baseando-se em compromissos voluntários, sem mecanismos vinculativos que responsabilizem os países, este modelo, embora politicamente conveniente, deixou as nações livres para priorizarem os seus interesses económicos e políticos em detrimento de ações climáticas significativas. Como resultado, mesmo os maiores emissores não cumpriram as suas promessas, fazendo com que as emissões globais continuem a aumentar. Aquilo que foi apresentado como uma solução para a crise climática transformou-se num palco de promessas vazias.

Embora a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris pela segunda vez domine as manchetes, a realidade é que o desinteresse pelo combate às alterações climáticas já se vinha instalando há algum tempo. Governos de todo o mundo parecem ter perdido o combustível nesta matéria, mesmo com temperaturas a atingirem novos recordes. Em paralelo, gigantes financeiros como a BlackRock estão a desinvestir nas suas iniciativas ESG, sinalizando um afastamento do compromisso ambiental. Até mesmo Greta Thunberg, outrora um dos rostos mais visíveis da militância climática, deixou o tema em segundo plano – a sua última publicação no X, em novembro, fez apenas uma menção passageira ao termo........

© Observador