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Portugal - Safe Harbour

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21.01.2025

Com a crueza própria de um holandês pragmático, o Secretário-Geral da NATO explicou no dia 13 deste mês de Janeiro no Parlamento Europeu que, sem capacidade de defesa, seria melhor os europeus aprenderem a falar russo. E acrescentou que, para construir uma defesa europeia autónoma, seriam precisos 15 a 20 anos gastando anualmente 10% do PIB. Para Mark Rutte, a conclusão é simples: para a Europa, a protecção militar americana é insubstituível. Protecção essa que a nova administração americana – apesar dos tratados assinados – coloca no condicional, pelo que, a manter-se, resultará num custo político e económico a que não estamos habituados.

A este cenário militar pouco abonatório para a independência da Europa, acresce uma outra realidade, já que, no ponto em que nos encontramos, é impossível ignorar a fraqueza a que inimigos internos e externos têm vindo a conduzir a União Europeia. A grande dificuldade em responder às ondas de choque criadas pela imigração, pelos custos de energia na sequência da invasão russa da Ucrânia e pela realidade económica da concorrência e do proteccionismo chinês têm potenciado essa fraqueza. A União Europeia – projecto que nasceu para eliminar, na Europa, a vertigem da guerra e criar condições de crescimento económico que a dimensão geográfica e demográfica assim possibilitaria – encontra-se à beira da apoplexia, com duas das suas entidades fundadoras, a França e a Alemanha, mergulhadas no caos político e económico. A Alemanha perdeu para a China a coroa de campeã exportadora mundial, não sabendo que indústrias vai lograr manter; na sua classe política, cresce um Partido antieuropeu com a ambição de governar, que defende os tempos felizes vividos pelo país na altura dos pais e avós, quando exterminavam e roubavam o resto da Europa. A França, pelo seu lado, caiu num impasse político onde os extremos se potenciam, e a sua cultura – há vários séculos admirada por grande parte do mundo – está a braços com uma comunidade muçulmana que a abala e que reivindica a imposição da sharia. Mais grave no imediato, a França deixou acumular uma dívida pública de tal dimensão que afundará o país no momento em que o BCE a deixar de proteger.

A probabilidade de desagregação da Europa, por muito que custe aos que sonharam com o progresso económico e social no seio de uma grande potência global, é real e não faz sentido achar que tudo corre normalmente. Como dizia Ernest Hemingway, a falência é um processo que começa por ser gradual, até ao momento em que tudo acontece ao mesmo tempo.

Neste momento, poucas são as dúvidas de que o........

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