Velho Governo
Vai, como é natural, grande curiosidade sobre o novo Governo. Há alguma comoção sobre umas mudanças que não têm qualquer relevo, e uma para a qual vale a pena olhar.
As primeiras:
A Economia (o nome do ministério que se ocupa da torrefacção dos fundos europeus, em tempos fazendo parte, como devia, da pasta das Finanças) fica associado à Coesão Territorial. Esta tem um pretensioso e amplíssimo escopo – tutela a execução das políticas públicas respeitantes à gestão territorial. O que, na parte em que quer dizer alguma coisa, bem podia estar na Administração Interna.
Os fundos europeus são um veneno que enxundia a economia: financiam a concorrência desleal, potenciam a corrupção, facilitam a assunção de riscos empresariais insanos, alimentam agências caras e improdutivas, falseiam a liberdade de empreender, impedem a reforma do Estado porque o subsidiam, e instalaram a ideia que está ao alcance de políticos e funcionários decidirem que empresas e que sectores têm e não têm futuro. Gerou-se a convicção de que, sem fundos, o país não pode crescer e que, com eles, convergirá com a “Europa”, que aliás qualquer dia também precisará de fundos para convergir com os EUA e a China. Ideia daninha, que os factos não confirmam, mas perene.
Porém, é impossível acabar com a subsidiação porque demasiada gente depende dela e dos poderes que confere, a começar por políticos da nebulosa europeia, departamentos bruxelenses, agências nacionais e sobretudo políticos domésticos, que com a famosa coesão garantem o poder da munificência e um módico de crescimento com dinheiro dado.
Impossível acabar, até porque o desmame seria doloroso. Mas deveria ser possível eliminar todo o financiamento a........
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