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Vamos ver

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25.01.2025

É difícil, senão impossível, gostar de Trump. O seu vocabulário não será constituído por mais de 100 palavras, de história dos EUA deve conhecer uma versão de bolso lida a correr, e da universal é seguro que nunca ouviu falar dos Sumérios, suporá talvez que o grande contributo grego para a civilização foi a Maria Callas, que Roma era lá aquela coisa dos gladiadores, e que o Reino Unido só é unido porque andaram à batatada com os Escoceses.

Duvida-se que tenha lido mais de 3 livros, um de contabilidade, outro sobre empresas de sucesso e o terceiro, na juventude, As Aventuras de Huckleberry Finn, que recorda com saudade.

Não tem uma carreira política, salvo a campanha e a presidência que ganhou anteriormente. Mas foi eleito e, da segunda vez, depois de durante quatro anos ter sido perseguido tenazmente pelo establishment político, a maioria da comunicação social local e a quase totalidade da estrangeira, com acusações de lana caprina que eram apresentadas com estrondo como se se tratasse de gravíssimas falhas de lisura e comportamento. O crivo na América é muito mais apertado do que na Europa, as preocupações com sexo e intimidade quase doentias e o poder judicial (como, crescentemente, em todo o lado) ansioso por jogar o jogo da política sem a maçada de depender dos eleitores. Esse o caldo que teve de entornar.

Ganhou por ter teimosia, coragem e dinheiro, não obstante do outro lado haver ainda mais dinheiro e a tenacidade difusa do sistema ofendido. Aquilo é, porém, para o bem e para o mal, a terra dos vencedores. E, por isso, na sua inauguração tinha personagens como Zuckerberg, que há dias veio confessar candidamente que sim senhor praticou censura em nome do combate ao discurso de ódio e às fake news, a mando do Governo, mas que agora se encontrava rendido aos encantos da livre expressão da opinião.

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Tem lições, esta vitória. A primeira é que a condição de intelectual não recomenda ninguém para mais do que dar umas aulas na universidade, escrever uns artigos e talvez uns livros, mas não para poderes executivos. Precisamos dos artigos, dos livros e dos professores porque são as ideias que comandam o mundo, mas, num regime democrático, é preciso conquistar os eleitores, e estes tendem com frequência a pensar pela própria cabeça – que se danem os pastores ideológicos do rebanho. A primeira lição é assim que a vitória de Trump é a vitória da democracia: jornalistas, comentadores, empresários, magistrados da opinião, acham que devemos ir por aqui? Pois nós vamos por........

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