menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Spinumviva

6 34
29.03.2025

Quem quiser perceber o caso Spinumviva e seguir os seus desenvolvimentos desde o início perde tempo porque, quando chegar ao fim, já esqueceu o princípio. De resto não há fim – este resumo que, em jeito de conclusão, está aqui, já deve estar ultrapassado por mais detalhes intrometidos que a conta-gotas aparecem nos jornais.

Que se dane a historieta, que não tem importância. Ou melhor, tem tão pouca que ao fim deste tempo todo ainda ninguém de consequência acusa Montenegro de crimes – só de falta de ética, e mesmo isso esticando muito as pernas do raciocínio. E, do que já se sabe, de crimes nicles mas de espreitadelas pelo buraco da fechadura da porta do escritório muito. A mulher de Montenegro tem brilhado pela ausência, mas se a coisa continuar a render ainda havemos de apurar se como cozinheira deixa ou não a desejar, se era boa mãe, se lê alguma coisa antes de adormecer e o quê.

O que interessa perceber é como por causa de uma coisa destas o governo cai quando ninguém acha que eleições resolvam qualquer problema. O caso é tão estranho que, descontando algum despropósito da comparação, faz lembrar a Grande Guerra: era improvável, ninguém queria, mas um assassinato tresloucado espoletou o mecanismo das alianças e do não perder a face, e a partir daí a coisa escalou e arrastou-se por quatro sangrentos anos.

Sangue e mortos é claro que não vai haver. Mas do não perder a face há aqui muito. Porque o PS queria cozer em lume brando o PM, através do mecanismo da Comissão de Inquérito, para o cobrir de alcatrão e penas quando as sondagens dissessem que o eleitorado estava farto do PSD. E este, antevendo o perigo, deu-lhe um cheque com a rainha, isto é, vai fazer comissões de inquérito à tua tia. O pobre do PS, nesta altura, já não podia recuar e os seus quadros, a começar pela inspirada e loquaz Alexandra Leitão, refugiaram-se na tese de........

© Observador