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Para que é que vão servir mais umas eleições?

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11.03.2025

Não sei se Alexandra Leitão alguma vez visitou Viena. Imagino que sim. É menos provável que tenha intercalado a ronda pelos palácios e museus por uma ida até uma ida ao Karl-Marx-Hof, mas posso estar a julgar mal. Seja lá como for lembrei-me deste edifício – um bloco de habitação social com 1100 metros de comprimento que foi construído entre 1927 e 1930 – quando ela achou por bem, este fim de semana, comparar a percentagem de habitação pública existente em Lisboa (a mais elevada do país, mesmo assim), com a existente em Viena. E lembrei-me porque, a primeira vez que estive em Viena, eu fui lá. Quis ver como era – e devo dizer que, arquitectonicamente trata-se de um bloco magnífico (e gigantesco: acabei esse meu primeiro dia em Viena a sangrar dos pés porque cometi o erro de calçar uns sapatos novos…). Mas é outro mundo, outro tempo e sobretudo é noutro país, curiosamente num país onde hoje o maior partido é uma formação de extrema-direita.

Como ando um pouco irritável – quem não anda, nos dias que correm? – ouvi o relato do comício e praguejei. Mas em que mundo é que esta gente vive? E será que é disto que vamos ouvir tanto nas eleições autárquicas (declaração de interesses: não voto em Lisboa) como nas legislativas? Provavelmente. Desgraçadamente.

O meu ponto é simples e este exemplo do tipo de campanha que deverá acontecer nas autárquicas de Lisboa ilustra-o bem: estamos a disparar ao lado, assim não vamos a lado nenhum.

Há muito tempo que defendo que Portugal (e a Europa) necessita de reformas profundas – há muito tempo que tenho consciência que não existem maiorias sociais (ou políticas) que apoiem essas reformas. O ambiente cultural, as paranóias mediáticas vão exactamente em sentido contrário, e vão tanto em Lisboa como têm ido em Bruxelas (leiam o Relatório Draghi, para não me chamarem já de extremista).

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Essa cultura dominante neste nosso Velho Continente (e também cada vez mais envelhecido), sobretudo a........

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