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Independência Presidencial: Importar um presidente

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06.03.2025

Gouveia e Melo defende que Portugal precisa de um Presidente da República “isento e independente de lealdades partidárias”. No seu recente artigo, o almirante sustenta que “nenhum Presidente pode ser verdadeiramente «de todos» se estiver claramente associado a uma fação política”. Em teoria, soa como a receita perfeita: um líder totalmente neutro, pairando acima da política mesquinha (em que grupo parlamentar de “não políticos” já ouvimos isto?).

A tese de Gouveia e Melo esbarra num fato básico da natureza humana: ninguém está verdadeiramente isento de afinidades e inclinações políticas. O próprio autor, ainda que militar na reserva, admite situar-se “politicamente entre o socialismo e a social-democracia, defendendo a democracia liberal como regime”. Ou seja, mesmo quem clama por independência total traz na bagagem preferências ideológicas (no caso dele, uma simpatia pelo centro-esquerda liberal). Esperar que um presidente surja como uma tábula rasa ideológica é tão realista quanto esperar que um árbitro de futebol não tenha tido uma equipa do coração na sua infância. Todos temos background, valores e visões de mundo que inevitavelmente influenciam nossas decisões. Gouveia e Melo por exemplo tem uma forte ligação às instituições militares e terá certamente........

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