Em Portugal, a discussão sobre o conflito de interesses tem sido marcada por uma preocupante falta de clareza por parte de muitos políticos, que parecem não compreender – ou preferem ignorar – os seus contornos éticos e jurídicos. Há uma tendência para reduzir o conceito ao mero benefício pessoal direto, esquecendo que qualquer vantagem, mesmo que destinada à instituição em que se trabalha, pode igualmente comprometer a imparcialidade e a integridade de uma decisão.

A distinção entre ganho individual e benefício institucional é muitas vezes utilizada como um argumento para justificar certas práticas. No entanto, um responsável político que aceita, por exemplo, equipamentos, serviços ou financiamentos gratuitos para a entidade onde trabalha, está igualmente a ser influenciado na sua tomada de decisão. Não se trata apenas de receber um presente para si próprio – o que é eticamente reprovável e legalmente problemático – mas também de aceitar algo que o ajude a cumprir objetivos que, de........

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