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Será Donald Trump o Saruman do mundo real?

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24.02.2025

Com o que se sabe das conversações entre os EUA e a Rússia na Arábia Saudita, bem como das posteriores declarações de Donald Trump, podemos ter uma ideia razoável da forma como o Presidente americano olha o mundo.

Em termos simples, Trump encara a China como a grande ameaça estratégica à predominância americana, tem uma visão quase exclusivamente transacional das relações entre países, é pessoalmente hostil à Europa como um todo, vê o interesse americano apenas numa perspectiva de ganhos e perdas materiais, acredita poder controlar em seu benefício todas as vastas forças que se estão a desencadear e parece querer uma nova divisão do mundo em esferas de influência divididas entre EUA, China e Rússia.

Em Rihad, os EUA trataram essencialmente de acordos utilitários e charme. Consigo compreender que, para Trump, fazer bons acordos com a Rússia é teoricamente vantajoso para os EUA, em termos económicos e poderia mesmo envolver, numa prospectiva mais sofisticada, uma Grande Estratégia global tendo em vista a contenção da China.

Também consigo compreender a sua (e a de muitos americanos) hostilidade pela Europa.

O antiamericanismo é grande nos países europeus, e a grande maioria dos seus líderes não se tem coibido de o expressar. A Europa esqueceu-se dos milhares de americanos que morreram nos campos de batalha europeus e não só não reconheceu a importância do apoio americano e do manto protector sob o qual cresceu até agora, como foi mesmo acintosa em certos momentos chave.

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Votou sistematicamente na ONU contra os EUA em múltiplas ocasiões, fez ouvidos moucos aos compromissos em matéria de defesa e preferiu por vezes acordos com autocracias como a Rússia e a China.

Por exemplo, no que toca a Israel, país que partilha o nosso quadro de valores e está na linha da frente de um milenar e intratável conflito civilizacional, a Europa jamais compreendeu, e criticou incessantemente, o apoio americano. No Conselho de Segurança da ONU, quando o assunto era Israel, a esmagadora maioria das vezes viam-se os EUA isolados a vetaram resoluções escandalosas, e os países europeus a aliarem-se........

© Observador