Quando Moscovo fala em português
Em Portugal, país da OTAN por vontade própria e interesse nacional, há fenómenos que desafiam a ciência, a lógica e, em certos casos, a decência. Um deles é a transformação de dois generais reformados em porta-vozes extraoficiais de Vladimir Putin. Sem terem de usar boné com estrela vermelha, sem precisarem de passaporte diplomático e, claro, sem qualquer noção do ridículo.
Refiro-me a Carlos Branco e Agostinho Costa, dois nomes que, em vez de fazerem soar sirenes de alarme, fazem soar o hino russo em surdina cada vez que aparecem num ecrã a debitar a voz do dono. Reformados das fileiras militares, mas hiperactivos na infantaria mediática, estes generais substituíram o serviço à Pátria pelo serviço à narrativa russa com a naturalidade de quem muda de canal para ver a “RT” com som original e legendas em português.
Carlos Branco, ex-membro da União dos Estudantes Comunistas, esse viveiro de génios geoestratégicos, é hoje uma presença habitual nas televisões, onde aparece com aquele ar de quem debita o óbvio, a dizer que não foi a Rússia que invadiu a Ucrânia, mas sim esta e o Ocidente que provocaram a pacífica Rússia e esta coitada, teve de reagir.
Carlos Branco não é só ex-UEC. Foi também presença assídua no Valdai Club, o think tank criado por Putin para dar........
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