Nuvens negras sobre os aiatolas
A possibilidade de um ataque israelita às instalações nucleares do Irão já não pertence ao domínio do hipotético. As notícias recentes e as movimentações militares na região deixam pouco espaço para dúvidas: Israel está preparado e poderá agir a qualquer momento. Se o fizer sem o apoio explícito dos Estados Unidos, não será por imprudência, mas porque chegou à conclusão, provavelmente acertada, de que ninguém mais o fará.
Porquê?
O regime iraniano nunca escondeu ao que vem. O Irão tem o raro mérito de ser absolutamente transparente nas suas intenções genocidas. Desde Khomeini, passando por Ahmadinejad e Khamenei, a narrativa é invariavelmente a mesma: Israel deve ser apagado do mapa. Literalmente. Não é um slogan político, é uma doutrina existencial. Ahmadinejad declarou, sem rodeios, que o “regime sionista será varrido da Terra”. Generais iranianos, como Mohammad Ali Jafari e Gholamreza Jalali, repetiram a ameaça com monótona regularidade. É difícil argumentar ignorância quando o inimigo avisa repetidamente, com décadas de antecedência, sobre o que pretende fazer. Aliás não hesitou recentemente em lançar centenas de mísseis balísticos e drones sobre um país que alegadamente tem armas nucleares, além de o ter tentado asfixiar com um anel de fogo em torno das suas fronteiras.
Os aiatolas não estão isolados. Contam com cobertura diplomática e a colaboração multissectorial da China, a colaboração económica e militar da Rússia, o know-how da Coreia do Norte e os interesses vastos na Venezuela. A Rússia, com total desfaçatez, já veio dizer que está pronta para recolher o material refinado em excesso, ao mesmo tempo que se oferece para construir inúmeras........
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